11 de set. de 2013

QUANDO DEUS VEM NOS BUSCAR NA CAVERNA!



1 Reis 19:3-4
"Elias teve medo e fugiu para salvar a vida. Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo e entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte. Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados. "

Elias foi um homem de Deus, um grande profeta que experimentou o poder sobrenatural de Deus em todo o seu ministério. Mas Elias também passou por um momento de profundo esgotamento espiritual. Mas Deus foi busca-lo no fundo do poço, ou melhor, no fundo da caverna e o trouxe de volta, restaurando seu coração e o seu ministério.

Medo e fuga

(3) Elias teve medo e fugiu para salvar a vida.

Embora Elias tivesse acabado de enfrentar corajosamente os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, ele simplesmente não tinha mais forças para enfrentar a ira da rainha Jezabel, que prometeu matá-lo. Uma das características do esgotamento espiritual é que de repente nos sentimos incapazes de enfrentar situações que já enfrentamos antes. Aquilo que era fácil parece novamente difícil e uma pequena situação agora se torna um grande problema. Neste momento, a fuga parece a única opção.

Isolamento

(3-4) Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo e entrou no deserto, caminhando um dia.

Uma outra característica da depressão é o desejo de estar só. Embora este seja o momento em que precisamos de apoio e ajuda, na verdade, não queremos encontrar ninguém, e evitamos qualquer espécie de confronto ou conselho.

Perda da motivação para viver

(4) Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte. "Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida;

O ápice de uma crise é quando perdemos não somente a motivação para trabalhar ou realizar nossas  tarefas cotidianas, mas perdemos a motivação para viver. Pessoas que mergulham em uma depressão profunda podem chegar ao ponto de tentar tirar a própria vida.

O TRATAMENTO DE DEUS

Observe como Deus restaurou a vida de Elias e veja que importantes lições aprendemos para a nossa vida espiritual.

Pão e travesseiro

(5-7) Depois se deitou debaixo da árvore e dormiu. De repente um anjo tocou nele e disse: "Levante-se e coma". Elias olhou ao redor e ali, junto à sua cabeça, havia um pão assado sobre brasas quentes e um jarro de água. Ele comeu, bebeu e deitou-se de novo. O anjo do Senhor voltou, tocou nele e disse: "Levante-se e coma, pois a sua viagem será muito longa".

Elias estava exausto e precisa inicialmente apenas de duas coisas: descansar e se alimentar. Deus deu isto a ele e este foi o primeiro passo de sua restauração. É muito fácil descuidar destas duas importantes áreas de nossas vidas. Precisamos encarar a espiritualidade de uma forma integral, e não podemos cuidar da espiritualidade, negligenciando nossas necessidades físicas. É bom saber que parte do tratamento de Deus para nossa exaustão é o descanso adequado e a boa alimentação.

Visitando o lugar onde tudo começou

(8) Então ele se levantou, comeu e bebeu. Fortalecido com aquela comida, viajou quarenta dias e quarenta noites, até que chegou a Horebe, o monte de Deus.

Elias foi até o Monte Horene, também conhecido como Monte Sinai, o lugar onde Deus estabeleceu sua aliança com seu povo. Para Elias se ainda existia um ultimo lugar sagrado onde Deus se manifestaria seria aquele monte. Ali haveria uma resposta clara de Deus para sua crise.

Quando estamos em crise espiritual e a nossa fé parece estar se esgotando, devemos visitar o lugar onde nossa jornada espiritual começou. Preciso passar a me questionar:  Quando foi que Deus me chamou e falou comigo pela primeira vez? Qual foi a situação em que senti o "primeiro amor" por Jesus Cristo? Visitar este lugar não significa ir até um lugar físico, mas visitar em nossa memória e nosso coração os momentos marcantes de nossa conversão e chamado. Relembrar como e quando compreendi a graça de Deus se manifestando em minha vida.

Abrindo o coração para Deus

(9-10) Ali entrou numa caverna e passou a noite. E a palavra do Senhor veio a ele: "O que você está fazendo aqui, Elias? " Ele respondeu: "Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos. Os israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também estão procurando matar-me".

A oração de Elias nos lembra muitos dos salmos, pois expressa de forma sincera toda a sua exaustão. O cansaço de Elias era um cansaço ético, característico de todo o esgotamento espiritual. É a sensação de que fazer o bem e ser fiel a Deus não é o suficiente. É concluir que não havia recompensa na integridade. Enquanto ele fazia tudo o que o Senhor pedia, seus inimigos desejavam mata-lo. Ele se sentia sozinho em sua luta.

Seja qual for o sentimento que temos diante de Deus, devemos expô-lo com toda a sinceridade, sem medo pois Deus não nos castiga por nossa sinceridade, mas nos cura a partir do momento que admitimos nossas incapacidades.

Compreendendo a manifestação de Deus

(11-13) O Senhor lhe disse: "Saia e fique no monte, na presença do Senhor, pois o Senhor vai passar". Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto.  Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor não estava nele. E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave. Quando Elias ouviu, puxou a capa para cobrir o rosto, saiu e ficou à entrada da caverna. E uma voz lhe perguntou: "O que você está fazendo aqui, Elias? "

No confronto contra os profetas de Baal, Elias lançou o desafio: "O Deus que responder com fogo esse é Deus!" Era desta forma que Elias esperava que Deus se manifestasse no Monte Horebe,  como o Deus que se manifesta com poder e fogo. Ele estava agora no monte onde Deus se apresentou ao povo e a Moisés com tremores, raios e fogo. Talvez a expectativa de Elias fosse que Deus novamente se manifestasse em extraordinário poder e destruísse seus inimigos. Mas para sua surpresa Deus se manifesta no murmúrio de uma brisa suave. Deus estava ensinando Elias que ele deveria aprender a ouvir o seu silêncio.

Muitas vezes em nossas angústias ficamos realmente incomodados com o silencio de Deus e não percebemos que em seu silencio Deus já está agindo e falando conosco. Devemos entender que a ação de Deus não será segundo as nossas expectativas, mas segundo a sua vontade. Se aceitamos que Deus se manifeste de forma sonoramente extraordinária, devemos também aceitar quando Ele se manifestar em seu silêncio.

Obedecendo a palavra de Deus

(15-16) O Senhor lhe disse: "Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco. Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria.  Unja também Jeú, filho de Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, para suceder a você como profeta.

E agora sem mais devaneios, Deus simplesmente manda Elias de volta para o sua missão, para que finalize o seu trabalho. Chegou a hora de se levantar, sacudir a poeira e seguir em frente. Elias deveria enfrentar os seus medos e voltar a sua missão. Deus não prometeu a ele nada a respeito das ameaças de Jezabel, Elias deveria se concentrar no seu trabalho de profeta e crer que Deus cuidaria do fosse necessário.

Chega um momento em que devemos simplesmente levantar e voltar ao trabalho, voltar a vida que se segue. Mesmo que os nossos problemas ainda estejam no mesmo lugar nos esperando, devemos crer e confiar em Deus que nos manda levantar e seguir em frente.

Entendendo que não estamos sozinhos

(18) No entanto, fiz sobrar sete mil em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal e todos aqueles cujas bocas não o beijaram".

Em sua crise Elias pensou que era o último homem em Israel que temia ao Senhor, mas Deus revelou a ele que isto não era verdade, ainda haviam muitos outros que não tinham se rendido a idolatria.

Achar que estamos sozinhos na luta pelo bem e a verdade é um grande engano do nosso coração orgulho. Em nossa crise voltamos nossos olhos apenas para nós mesmos e não percebemos o que Deus esta fazendo a nossa volta. A verdade é que ainda existe uma forte comunidade dos discípulos de Jesus aí fora e devemos nos juntar a eles.

1 Reis 19:19-21
(19-21) Então Elias saiu de lá e encontrou Eliseu, filho de Safate. Ele estava arando com doze parelhas de bois, e estava conduzindo a décima-segunda parelha. Elias o alcançou e lançou a sua capa sobre ele.  Eliseu deixou os bois e correu atrás de Elias. "Deixa-me dar um beijo de despedida em meu pai e minha mãe", disse, "e então irei contigo. " "Vá e volte", respondeu Elias, "pelo que lhe fiz. " E Eliseu voltou, apanhou a sua parelha de bois e os matou. Queimou o equipamento de arar para cozinhar a carne e a deu ao povo, e eles comeram. Depois partiu com Elias, e se tornou o seu auxiliar.

Nossa história termina com uma bela surpresa. Deus conclui seu tratamento na vida de Elias, dando a ele um amigo, um companheiro de caminhada. Alguém em quem investir e também dividir as cargas.

As amizades espirituais são um presente de Deus para as nossas vidas. Precisamos de amigos confidentes que possam dividir conosco nossas lutas e nos dar o apoio quando estamos abatidos.

27 de ago. de 2013

QUANDO A ADORAÇÃO SE TORNA MURMURAÇÃO!



Asafe foi um conhecido salmista, nomeado pelo rei Davi, líder da adoração em Israel. No salmo 73 ele relata sua experiência de esgotamento espiritual. Ele descreve sua crise, seus sentimentos e com muita sinceridade confessa o que encontrou dentro do seu coração.

(13-14) Certamente foi-me inútil manter puro o coração e lavar as mãos na inocência, pois o dia inteiro sou afligido, e todas as manhãs sou castigado.

Estes versos expressam o centro da crise moral de Asafe: Não valeu a pena seguir o bem e a verdade . É inútil conservar o seu coração puro e integro. O sentimento é de cansaço e decepção, uma clara crise de fé e espiritualidade na vida do adorador.

Hoje, muitos cristãos passam por crises semelhantes; e secretamente questionam em seu coração se realmente vale pena seguir a Jesus e buscar a integridade de um discípulo. Não estão conseguindo ver a recompensa de suas jornadas, antes encaram todos os dias o sofrimento e as muitas lutas.

(2-3) Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não escorreguei. Pois tive inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade desses ímpios.

Mas ainda a tempo, o salmista percebe que havia caído em uma armadilha. Que em sua caminhada espiritual ele havia desprezado os sinais de alerta e tomado um caminho estranho. Este era o momento de retornar e achar a sua trilha.

Precisamos deixar que o Espirito de Deus nos ajude a descobrir o que aconteceu nos porões escuros de nosso alma. E então deixar que a Palavra traga luz a estes cômodos escuros do coração que costumam esconder as verdadeiras razões de nossa angústia e ansiedade.

(21-22) Quando o meu coração estava amargurado e no íntimo eu sentia inveja, agi como insensato e ignorante; minha atitude para contigo era a de um animal irracional.

Com muita coragem o salmista consegue dar nome aquilo que ele encontrou em seu coração: Inveja. Vivemos em uma sociedade onde as pessoas não conseguem mais dar nomes aos seus pecados.  Até mesmo a palavra pecado parece ser evitada a todo custo. E quando os nossos pecados passam a ser domesticados e relativizados, eles deixam de ser identificados como pecado.

Quando dizemos por exemplo que alguém é ambicioso, o que isto significa? Isto é bom ou ruim? Já não sabemos, pois a ambição pode ser definida tanto com uma virtude quanto uma fraqueza. Mas se admitimos que por traz de nossa ambição, escondemos a inveja, ou ganancia, ou o orgulho, fica mais claro que se trata do mal seduzindo nosso coração.

Inveja - é um sentimento de tristeza perante o que o outro tem e a própria pessoa não tem. Este sentimento gera o desejo de ter exatamente o que a outra pessoa tem , o que pode ser tanto coisas materiais como qualidades inerentes ao ser. (Wikipédia)

A inveja adoeceu a alma de Asafe e o seu coração se encontrava muito angustiado. Ele admitiu que se tornou "insensato e ignorante" e até mesmo "irracional". Naquele momento seu julgamento estava totalmente comprometido e não conseguia avaliar sua vida com clareza.

(4-5) Eles não passam por sofrimento e têm o corpo saudável e forte. Estão livres dos fardos de todos; não são atingidos por doenças como os outros homens.
(12) Assim são os ímpios; sempre despreocupados, aumentam suas riquezas.

Por causa de sua inveja e angústia, Asafe passou a ter uma percepção distorcida da realidade. A sua descrição a respeito da vida dos maus é exagerada e claramente afetada pela sua depressão. Ele via os ímpios sempre despreocupados, sempre saudáveis e livres de qualquer sofrimento, desfrutando somente de paz e prosperidade.

Na verdade, a vida de ninguém é assim. Não existe ninguém livre da experiência de sofrimento. Mas quando estamos angustiados e deprimidos, só enxergamos a nossa própria dor. Enquanto as pessoas a nossa volta, merecendo ou não, parecem receber toda a recompensa.

Quando olhamos para a direção errada não conseguiremos ver a realidade. E esta foi a principal razão da crise de Asafe: Ele tirou os olhos da direção correta.

(10-11) Por isso o seu povo se volta para eles e bebem suas palavras até saciar-se. Eles dizem: "Como saberá Deus? Terá conhecimento o Altíssimo? "

Cabe aqui um alerta importante. Muitas vezes admiramos excessivamente pessoas que não têm o  temor a Deus, e nos voltamos para eles com grande admiração e "bebemos de suas palavras", como se fosse agua pura da fonte, mas que infelizmente, não são. Sejam artistas, políticos ou grandes escritores, se eles desviam nosso olhar de nosso mestre Jesus, não deveríamos dar atenção a eles.

(16-17) Quando tentei entender tudo isso, achei muito difícil para mim,até que entrei no santuário de Deus, e então compreendi o destino dos ímpios.

O encontro do salmista com a realidade acontece no momento em que ele finalmente entra na presença de Deus e então volta a ver as coisas com clareza. Pois, somente a comunhão com Deus nos fará  discernir o que realmente tem valor e aquilo que não tem valor algum.

A inveja dos maus é um sinal de falta de comunhão com Deus. A distancia entre o meu coração e o santuário fará com que eu sinta a necessidade de preencher este vazio de outra forma. Como é possível, alguem que tenha experimentado a salvação em Jesus Cristo e recebido de graça a vida abundante e eterna de Jesus, angustiar-se no desejo de ter a vida ou bens de alguém que nem mesmo conhece a Deus? Somente através da quebra da comunhão com o Senhor.

E muitas vezes podemos estar dentro do templo físico mas assim mesmo longe do santuário. Asafe era um adorador por ofício, ele conhecia muito bem este perigo.

"Corramos com perseverança a corrida que nos é proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé." Hebreus 12:1-2

Quem mantem seus olhos no mestre não sente inveja de ninguém. Quando em meio a uma crise de fé percebemos que nossos olhos se desviaram do Senhor ao retornar ao santuário só teremos uma reação: Pedir perdão por um dia ter desejado qualquer coisa que não esta presença provedora de Cristo.

(1) Certamente Deus é bom para Israel, para os puros de coração.
 
(27-28) Os que te abandonam sem dúvida perecerão; tu destróis todos os infiéis. Mas, para mim, bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu refúgio; proclamarei todos os teus feitos.


Existem coisas nesta vida difíceis de entender, mas o melhor que fazemos é concluir como salmista que bom mesmo é estar perto de Deus e fazer dele o nosso abrigo e esconderijo para todas as horas. Não há dúvidas, Deus é bom , e é bom estar perto de Deus.

20 de ago. de 2013

A INVISÍVEL PROVIDÊNCIA DE DEUS



Nada melhor que histórias para nos ensinar e falar ao coração. A Bíblia está repleta de exemplos com os quais podemos nos identificar em nossos dramas e experiências de vida. Quando falamos em crises espirituais poucas histórias são mais tocantes e inspiradoras que a de Noemi:

Um coração machucado

"Prosseguiram, pois, as duas até Belém. Ali chegando, todo o povoado ficou alvoroçado por causa delas. "Será que é Noemi? , perguntavam as mulheres. Mas ela respondeu: "Não me chamem Noemi, chamem-me Mara, pois o Todo-poderoso tornou minha vida muito amarga!  De mãos cheias eu parti; mas de mãos vazias o Senhor me trouxe de volta. Por que me chamam Noemi? O Senhor colocou-se contra mim! O Todo-poderoso me trouxe desgraça!  Foi assim que Noemi voltou das terras de Moabe, com sua nora Rute, a moabita. Elas chegaram a Belém no início da colheita da cevada. Rute 1:19-22

Noemi passava por um momento de profunda infelicidade e amargura. O nome "Noemi" significava agradável e encantadora; mas ela se recusava a ser chamada assim, pois sua vida estava muito mais para "Mara", nome que significava amarga e amargurada.

Mas não era só isso, Noemi dizia que Deus era o responsável por sua infelicidade. Suas afirmações são fortes e ousadas: "... o Todo-poderoso tornou minha vida muito amarga! ... de mãos vazias o Senhor me trouxe de volta ... O Senhor colocou-se contra mim! O Todo-poderoso me trouxe desgraça! " O coração de Noemi estava doente e sua confiança em Deus estava grandemente abalada.

Uma história trágica

O que aconteceu com Noemi para ela chegasse a este estágio de profunda crise espiritual?  A história nos conta que um grande período de fome e escassez em Israel levou Elimeleque, sua esposa Noemi e seus dois filhos para a região de Moabe. Eles partiram em busca de oportunidade e sustento, mas alguns anos depois Elimeleque morreu e pouco depois morreram também seus dois filhos, deixando Noemi com suas duas noras.

Esta era a realidade de Noemi, uma mulher de meia idade, sem marido, sem filhos homens, em terra estrangeira ,com duas noras moabitas, também sem filhos. Para Noemi sua vida havia acabado, e só havia uma explicação: Ela era uma amaldiçoada por Deus. Agora, sua crise e revolta se direcionavam ao próprio Deus que havia permitido tamanha desgraça em sua vida.

A invisível providência de Deus

Noemi, não tendo outra alternativa, busca apenas a sua própria sobrevivência, e parte em direção a Belém, sua terra natal.

"Assim ela, com as duas noras, partiu do lugar onde tinha morado. Enquanto voltavam para a terra de Judá, Noemi disse às duas noras: "Vão! Voltem para a casa de suas mães! Que o Senhor seja leal com vocês, como vocês foram leais com os falecidos e comigo. O Senhor conceda que cada uma de vocês encontre segurança no lar doutro marido". Então deu-lhes beijos de despedida." Rute 1:7-9

Apesar de sua amargura, ainda havia bondade no coração de Noemi. Ela queria o melhor para suas noras e as abençoou instruindo que a deixassem e voltassem para suas famílias,  e buscassem um novo casamento. Orfa aceita o conselho de Noemi, mas Rute decide acompanhar sua sogra.

"Rute, porém, respondeu: Não insistas comigo que te deixe e não mais a acompanhe. Aonde fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus! Onde morreres morrerei, e ali serei sepultada. Que o Senhor me castigue com todo o rigor, se outra coisa que não a morte me separar de ti!" Rute 1:16-17

Este é um juramento de fidelidade tão admirável que o adotamos para sermões de casamento. O bom testemunho de Noemi e sua família haviam inspirado a jovem moabita a se apegar aquela solitária mulher judia, fiel a um único deus invisível. E foi em meio a uma grande desgraça que nasceu uma grande amizade. O ato de Rute tornou-se conhecido em Belém, como exemplo de sacrifício e altruísmo.

"Boaz respondeu: Contaram-me tudo o que você tem feito por sua sogra, depois que você perdeu o marido: como deixou seu pai, sua mãe e sua terra natal para viver com um povo que pouco conhecia. O Senhor lhe retribua o que você tem feito! Que você seja ricamente recompensada pelo Senhor, o Deus de Israel, sob cujas asas você veio buscar refúgio!" Rute 2:11-12

O consolo invisível de Deus

O que torna surpreendente esta história é o fato de que no momento de maior crise na vida de Noemi, quando ela mais sentia abandonada e amaldiçoada, Deus já havia colocado um consolo na vida, Rute sua nora. A verdade é que quando estamos sofrendo, nem sempre conseguimos perceber o que Deus está fazendo em nossas vidas.

A providência de Deus na solidariedade dos que sofrem

Temos aqui a história de duas mulheres em sofrimento que decidiram se dedicar uma a outra. Na verdade, um dos principais caminhos de Deus para nos tirar do sofrimento é o altruísmo. Naquelas situações mais adversas, deixamos de pensar somente em nós mesmos e ajudamos outros em suas cargas; e é neste momento que Deus começa a nos mostrar sua provisão.

Um Deus que fecha e abre portas

Quando chegam em Belém, Rute por ser mais jovem vai para o campo em busca de uma oportunidade de trabalho. Sem saber ela entra em uma das propriedades de Boaz, um parente distante de Noemi. A providência de Deus começa a aparecer na história de Noemi, mas ainda de maneira discreta e silenciosa.

Disse então Boaz a Rute: "Ouça bem, minha filha, não vá colher noutra lavoura, nem se afaste daqui. Fique com minhas servas. Preste atenção onde os homens estão ceifando, e vá atrás das moças que vão colher. Darei ordem aos rapazes para que não toquem em você. Quando tiver sede, beba da água dos potes que os rapazes encheram". Rute 2:8-9

Boaz graciosamente oferece não só trabalho mas também proteção a Rute. E o conforto divino que antes silencioso começa a soar como música na vida e Rute e Noemi.

E Noemi exclamou: "Seja ele abençoado pelo Senhor, que não deixa de ser leal e bondoso com os vivos e com os mortos! " E acrescentou: "Aquele homem é nosso parente; é um de nossos resgatadores! " Rute 2:20

 Rute permaneceu trabalhando nos campos de Boaz até o fim do período de colheitas; trazendo o pão e sustento para elas.

Certo dia, Noemi, sua sogra, lhe disse: "Minha filha, tenho que procurar um lar seguro, para sua felicidade. Boaz, aquele com cujas servas você esteve, é nosso parente próximo. Esta noite ele estará limpando cevada na eira. Lave-se, perfume-se, vista sua melhor roupa e desça para a eira. Rute 3:1-3

A lei do levirato dizia que quando um homem morresse, deixando uma viúva, seu irmão deveria casar-se com a viúva e assumir a sua família, para que a linhagem do falecido fosse preservada. Também estava na lei que um parente tinha prioridade na compra das propriedades de um falecido para que as terras permanecessem em família. E esta era a figura do resgatador.

A sabedoria de Noemi e a virtude de Rute se unem numa união perfeita. E Noemi instrui sua nora a descer a eira naquele dia, mas não como serva da lavoura, mas como mulher virtuosa. E Deus mostraria a Rute o momento certo de se apresentar a Boaz e pedir para que fosse o seu resgatador.

Quando Deus abre uma porta, o que Ele espera de nós é que passemos por esta porta. É preciso reconhecer a providência de Deus e com coragem e atitude avançar para onde esta graça nos aponta. Deus abre portas, mas ele não nos obriga a passar por elas.

No tempo certo Deus envia o seu resgatador

"No meio da noite, o homem acordou de repente. Ele se virou e assustou-se ao ver uma mulher deitada a seus pés. Quem é você? , perguntou ele. Sou sua serva Rute, disse ela. Estenda a sua capa sobre a sua serva, pois o senhor é resgatador.  Boaz lhe respondeu: O Senhor a abençoe, minha filha! Este seu gesto de bondade é ainda maior do que o primeiro, pois você poderia ter ido atrás dos mais jovens, ricos ou pobres! Agora, minha filha, não tenha medo; farei por você tudo o que me pedir. Todos os meus concidadãos sabem que você é mulher virtuosa."  Rute 3:8-11

Ao pedir o resgate de Boaz, Rute praticamente faz um pedido de casamento, ao que Boaz sente-se muito honrado e feliz.

"Boaz casou-se com Rute, e ela se tornou sua mulher. Boaz a possuiu, e o Senhor concedeu que ela engravidasse e desse à luz um filho. As mulheres disseram a Noemi: Louvado seja o Senhor, que hoje não a deixou sem resgatador! Que o seu nome seja celebrado em Israel! O menino lhe dará nova vida e a sustentará na velhice, pois é filho da sua nora, que a ama e que lhe é melhor do que sete filhos!  Noemi pôs o menino no colo, e passou a cuidar dele. As mulheres da vizinhança celebraram o seu nome e disseram: Noemi tem um filho! E lhe deram o nome de Obede. Este foi o pai de Jessé, pai de Davi. Rute 4:13-17

O livro chama-se Rute, pois conta a história desta extraordinária mulher, mas o autor se preocupa em retornar a atenção para Noemi no fim de sua narrativa; mostrando que a "graça e a providência", na verdade são as personagens principais desta história.

"Noemi tem um filho", diziam as mulheres de Belém, embora o filho fosse de Rute. Aquele menino era uma resposta as angustia de Noemi, era o improvável milagre em sua vida. O nome da criança seria Obede, que significa "o adorador". Pois do lamento de Noemi nasceu a sua adoração.

Em sua maior aflição, quando Noemi pensava que não tinha nada a não ser suas dores, Deus já havia colocado em sua vida o seu maior tesouro:  "... sua nora, que a ama e que lhe é melhor do que sete filhos!" Na cultura judaica esta era uma expressão de extrema bem-aventurança pois nada poderia ser melhor a uma mulher do que sete filhos. Não podemos nos esquecer desta lição: A providência de Deus aparece em nossas vidas muito antes que possamos percebe-la.

Mais isto ainda não era tudo, Deus guardava uma herança a Noemi que nem mesmo ela, ou Rute, ou as mulheres de Belém, podiam se quer  imaginar: Obede seria pai de Jessé,e Jessé pai de Davi. O grande e mais importante rei de Israel, amado por Deus e segundo o seu coração.

E da descendência de Davi viria Cristo o salvador. A figura de Boaz nos aponta para este que é o nosso verdadeiro resgatador. Jesus Cristo é aquele que nos resgata, adotando em sua família nós que antes eramos estrangeiros. Fomos portanto, a noiva de Cristo e aguardamos este noivo para o redentor casamento. Ele assumiu todas as nossas dívidas, e nos deu a vida por herança.  

Que o louvor e a gratidão sempre habitem o coração daqueles que foram visitados pela invisível providência de Deus.


Parte das idéias e argumentos deste texto foram extraídos da série de palestras "Esgotamento espirtual" do ministério Labri Brasil -  http://www.labribrasil.org/palestraslabrimp3.htm

13 de ago. de 2013

PUXA UMA CADEIRA Ó MINH´ALMA !



Diferente do que diz a teologia da prosperidade, que promete felicidade intensa, júbilo permanente e um estado constante de êxtase e progresso espiritual; na verdade, o cristão está sujeito a crises e oscilações em sua fé e espiritualidade.

Os salmos têm sido uma fonte muito rica de exemplos de homens que expressaram com muita sinceridade suas frustrações e decepções diante de Deus.Tomemos como exemplo  o Salmo 42:

 (3-4) "Minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite,  ... Quando me lembro destas coisas choro angustiado." (10) "Até os meus ossos sofrem agonia mortal ..."

Pinçando algumas expressões do salmista vemos claramente um quadro de crise. A tristeza dá o tom dominante e o choro é uma presença contante. Até mesmo o apetite se foi, uma vez que o salmista agora se alimente de lágrimas.  Ele demonstra uma sensibilidade a flor da pele, quando a simples lembrança de outros tempos o faz chorar. Há um abatimento geral e todo seu corpo sofre a sua angustia.

Mas é quando olhamos mais atentamente os versos 3 e 4 que persebemos a natureza espiritual desta crise:

(3-4) Minhas lágrimas têm sido o meu alimento de dia e de noite, pois me perguntam o tempo todo: "Onde está o seu Deus? " Quando me lembro destas coisas choro angustiado. Pois eu costumava ir com a multidão, conduzindo a procissão à casa de Deus, com cantos de alegria e de ação de graças entre a multidão que festejava.

Temos aqui a descrição de um crente em crise. Alguém cuja a fé está extremamente abalada. No centro de sua angustia esta uma pergunta que vem de fora, mas encontra eco dentro do seu coração: "Onde está o seu Deus?" A dor que esta pergunta provoca no salmista somente se justifica pelo fato de que em seu coração ele faz o mesmo questionamento.

A crise se agrava, uma vez que o salmista sente falta de algo que não pode ser entendido pelos descrentes, ele sente falta da comunhão de seus irmãos e da alegria na presença de Deus. Neste sentido, o crente em crise sofre mais que um descrente. Ele tem em seu coração a memória de um anseio que só pode ser preenxido pelo próprio Deus.

 (1-2) Como a corça anseia por águas correntes, a minha alma anseia por ti, ó Deus. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando poderei entrar para apresentar-me a Deus?

Assim, o salmista angustiado busca reagir a sua crise através de dois exercícios espirituais. Primeiro ele conversa consigo mesmo e em segundo lugar ela ora ao seu Deus. Vamos nos ater aqui somente ao primeiro exercício, a importância de conversar consigo mesmo.

(5-6) "Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e  o meu Deus"

Neste momento, o salmista não está falando com Deus, mas falando com a sua alma, a narrativa parece  demonstrar que Deus permanece em silencio neste processo, ele não entra nesta conversa. Alias, um dos sintomas de uma crise espiritual é a percepção do silencio de Deus. Neste momento onde Deus parece distante preciso agora chamar a minha alma a razão.

Lloyd Jones comenta ao expor este salmo que "falar com o nosso eu é diferente de deixar que o nosso eu fale conosco", ou seja se deixarmos nossa alma amargurada falar conosco, ela provavelmente repetirá as palavras venenosas e malignas, "Onde está o seu Deus?", mas quando decido falar a minha alma, posso exorta-la: "Ponha a sua esperança em Deus, pois ainda o louvarei!"

"Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim?" O salmista permanece se questionando, se há mesmo razão para tanta tristeza e angustia.

A ansiedade possui o poder de tomar conta do nosso coração mesmo que não existam razões para isto. A ansiedade é como um medo sem objeto definido, é a apreensão sem um motivo exato; é a falta daquilo que não sabemos exatamente o que é.

Em nossa crise não enxergamos as coisas com elas de fato são, e também não conseguimos enxergar a ação de Deus em nossas vidas, por isso precisamos chamar a atenção do nosso coração para que ele olhe na direção certa.

Questionar a si mesmo é um exercício espiritual fundamental na caminhada cristã, como parafraseou o poeta Stenio Marcius:

"Puxa uma cadeira ó minh´alma
Que eu quero te perguntar
Porque me roubas a calma
Me botas tristeza no olhar?
Vamos entrar num acordo,
Vida tranquila viver.
Lembra daquilo que o mestre falou:
A minha graça te basta!"

O pastor Ricardo Barbosa em seu artigo "perguntas que equilibram as emoções" nos sugere algumas outras perguntas bíblicas e terapêuticas, que o cristão em crise deve fazer a sua alma:

Se Deus é por nós, quem será contra nós? Romanos 8:31
Qual a razão de tanto medo e ansiedade, se de fato entendo que Deus está do meu lado?
Existe alguém ou alguma coisa que seja maior do que Ele?

Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas? Romanos 8:32
Se Deus demonstrou por mim um amor capaz de dar seu próprio filho, poderia eu ousar duvidar deste amor? Existe alguma coisa da qual sinto falta que seja maior do que esta dadiva de Deus?

Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Romanos 8:33
Se de fato fui perdoado por Deus, porque ainda sinto o peso da culpa? Porque ainda me sinto acuado pelos meus próprios pecados?

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Romanos 8:35
Por que me sinto só, uma vez que as inúmeras circunstancias adversas somente servem para me aproximar ainda mais de Cristo?

Duas vozes ecoam no coração de um cristão em crise, uma voz precipitada e rancorosa insiste em perguntar, "onde está o seu Deus", a  outra pacientemente convida,  "ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus." É preciso decidir a qual voz atenderemos.



Recomento que você ouça a canção "Acordo" do compositor Stenio Marcius, que traduz em bela poesia o que tentamos expor neste texto:

Parte dos argumentos deste texto foram extraídos do livro "Depressão Espiritual" de D. M. Lloyd Jones e do artigo "perguntas que equilibram as emoções" do Pr. Ricardo Barbosa.
http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/322/perguntas-que-equilibram-as-emocoes

6 de ago. de 2013

ESGOTAMENTO ESPIRITUAL



 
 
Será que um cristão sério e sincero pode ter um esgotamento espiritual?

 "E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé." Gálatas 6:9-10

A verdade é que mesmo depois de nossa conversão e tendo a presença do Espírito Santo em nós, poderemos passar por momentos de oscilação em nossa fé. Até aqueles que estão comprometidos com Jesus e desejosos em manter um constante progresso em suas vidas, muitas vezes vão passar por momentos de crise espiritual.

Elias teve medo e fugiu para salvar a vida ...  Em Berseba de Judá ele deixou o seu servo e entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte. "Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida;" (I Rs 19,3-4)

Elias foi um grande profeta, um homem que experimentou o poder de Deus como nenhum outro na história do povo de Israel, mas caiu em uma crise profunda após o famoso confronto com os profetas de Baal no Monte Carmelo. Elias teve um ataque de medo, fuga e até mesmo o desejo da morte. Elias teve uma crise de fé.

Quando falamos em esgotamento espiritual ou depressão espiritual, título escolhido por Martin Lloyd Jones para um de seus livros, não nos referimos simplesmente a depressão, estresse ou cansaço de um ponto de vista teológico ou com uma linguagem evangélica. Mas nos referimos a uma crise real de fé, um abalo em nossa espiritualidade, afetando nossa santidade e relacionamento com Deus.

Quando Paulo nos alerta "E não nos cansemos de fazer o bem," ele nos fala do perigo real de uma crise moral muito séria. Em algum momento podemos nos cansar de fazer a coisa certa; podemos perder as forças em nossa luta contra o mal, e ainda perder o desejo de estar perto de Deus.

Um cristão que passe por um esgotamento espiritual deverá apresentar alguns sintomas bastantes característicos: Um cansaço e um desanimo intenso, especialmente ao que se refere a Deus e a Igreja. Consequentemente, a falta de comunhão e o desejo de isolamento acompanharão a crise daqueles que como Elias sentem o desejo de fugir para uma caverna e não encontrar ninguém pela frente.

Estas pessoas também percebem em suas vidas uma interrupção em seu progresso espiritual, sentem-se estagnadas, não conseguem mais aprender ou seguir em frente. Sua fé está enfraquecida, algo que é difícil de admitir, mas estão com grande dificuldade em crer nas promessas da Bíblia e na ação de Deus em suas vidas.

Não poucas vezes também sofrem de uma espécie de síndrome de perseguição, sentindo que todos a sua volta estão contra elas e que ninguém as ama, o que inclui a Deus, infelizmente. E como um escudo de autodefesa, podem ainda desenvolver um espírito crítico aguçado, e passar a disparar sua metralhadora rancora em direção a todos a sua volta.

Crises como esta podem ser bastante intensas e atingir uma pessoa de forma repentina; como talvez tenha sido o caso de Elias. Mas podem também ocorrer de forma gradual e lenta, sem que a pessoa perceba que está caminhando para um fosso espiritual.

Nesta texto a minha intenção é somente introduzir o tema para a nossa reflexão. Quero posteriormente analisar alguns textos bíblicos e tratar das causas e também trazer algumas vacinas bíblicas em relação a estas doenças espirituais.

Mas quero antes de terminar, deixar dois princípios cristãos para aqueles que gostariam de reagir a um estado de esgotamento espiritual, ou ainda ajudar alguém que passe por esta situação.

1 - Identifique o seu pecado e confesse ao Senhor

Talvez esta seja a grande diferença entre a abordagem teológica das doenças da alma e outras abordagens. A palavra de Deus nos assegura que o principal culpado pela nossa crise espiritual, somos nós mesmos. Não somos simplesmente vitimas de um mundo que quer nos oprimir, mas nós mesmos é que decidimos viver segundo as regras deste mundo. A verdade é que nos descuidamos em algum momento da caminhada e nos desviamos do caminho de Cristo.

Conforme Tiago: "Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: "Estou sendo tentado por Deus". Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido." Se eu estou desconectado de Deus, longe da sua comunhão e com minha fé enfraquecida, é porque tenho um pecado para admitir e confessar. E esta é a única forma de começar o meu caminho de volta.

2 - Não obedeça os seus sentimentos, obedeça a Palavra de Deus

Precisamos entender que quando estamos em crise nossas mentes, nossas emoções e nossos sentimentos estão confusos e contaminados e por isso não podemos confiar inteiramente neles. Precisamos de um padrão externo a nós para nos guiar para fora de nossa crise, e este padrão é a Palavra de Deus.

Quando estamos em crise espiritual não sentimos nenhum desejo de orar ou ler a Bíblia e nem mesmo de encontrar pessoas. Mas não devemos obedecer nossos sentimentos; o que devemos fazer é agarrar o pouco de fé que ainda nos resta obedecer esta vontade externa a nós que é a vontade de Deus;  ela nos manda orar, encontrar com irmãos e ler a sua Palavra.

Estas pequenas atitudes não são garantia de que teremos nossa fé e espiritualidade de volta; mas quando respondemos de forma prática ao chamado divino, nos colocamos novamente neste ambiente da graça de Deus, onde nossa fé pode ser reaquecida.

Quando nos faltar a fé ainda teremos o recurso da obediência.

"E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos. Portanto, enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, especialmente aos da família da fé."  Gálatas 6:8-10


Para maior aprofundamento no assunto "esgotamento espiritual" recomendo o livro "Depressão Espiritual" de D M Lloyd Jones, Ed PES e série de palestras "Esgotamento Espiritual" do ministério Labri Brasil  http://www.labribrasil.org/palestraslabrimp3.htm